Para aqueles que são amantes da natureza...

"Este cerrado é um pouco como o nosso povo brasileiro. Frágil e forte. As árvores tortas, às vezes raquíticas, guardam fortalezas desconhecidas. Suas raízes vão procurar nas profundezas do solo a sua sobrevivência, resistindo ao fogo, à seca e ao próprio homem. E ainda, como nosso povo, encontra forças para seguir em frente apesar de tudo e até por causa de tudo"

Newton de Castro


quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Teoria celular


A primeira descoberta
Em 1660, o microscopista italiano Marcello Malpighi observou, pela primeira vez, os vasos capilares sanguíneos presentes na cauda de peixes. Malpighi é considerado ainda hoje como o precursor da embriologia e da histologia, e sua descoberta foi de grande importância para elucidar uma importante questão da fisiologia animal.

Na época, acreditava-se que o sangue era produzido pelos intestinos, viajava para o fígado e coração, de onde era distribuído pelas veias para ser consumido pelo corpo. Em 1639, o médico inglês William Harvey formulou uma teoria afirmando que o sangue circulava continuamente pelo corpo, impulsionado pelo coração. Faltava apenas descobrir a conexão entre as artérias ( o caminho de ida do sangue) e as veias ( o caminho de volta do sangue), o que foi feito por Malpighi em 1660.

As "células" de Hooke

Em 1663, o cientista inglês Robert Hooke dedicou-se à observação da estrutura da cortiça, para tentar descobrir o que fazia dela um material tão leve e flutuante. Então, teve a ideia de cortá-la em fatias finas o bastante para que pudessem ser observadas ao microscópio. Através das lentes de aumento, ele constatou que a cortiça era formada por um grande número de cavidades preenchidas com ar. Dois anos depois, Hooke publicou a obra Micrographia, onde denominou as estruturas ocas de "células".

Na mesma época em que Hooke publicou a Micrographia, começaram a surgir outras obras sobre a observação microscópica, principalmente dos vegetais. Os cientistas usavam o termo célula para muitas outras estruturas, além de usarem expressões como "poros microscópicos", "bolhas", "sáculos" e "utrículos".










Descobrindo as células

As pesquisas sobre a estrutura dos vegetais avançaram tanto que, a partir da segunda década do século XVIII, já havia um consenso de que as plantas eram formadas por espaços microscópicos. Essas estruturas eram tão variadas que pensava-se não constituírem uma estrutura básica única, partilhada por todos os vegetais. Durante muito tempo houve polêmica: seriam os vegetais formados por células, ou por um tecido no qual as células não passavam de meras cavidades? Somente em 1805 foi possível isolar as células, confirmando-se sua individualidade e resolvendo a questão.

Nada disso foi levado em conta por Robert Hooke, que interpretou de um modo muito diferente os poros que observou na cortiça. Contudo, deve-se a ele o pioneirismo da observação e a criação do termo célula.

As células animais

Em 1673, o microscopista Leeuwenhoeck observou as primeiras células animais: os glóbulos vermelhos de sangue. Por serem as células animais muito menores, pensava-se na época que apenas o sangue era formado por estruturas microscópicas. Inicialmente, os glóbulos não foram considerados células, pois os cientistas não esperavam encontrar estruturas básicas em comum para animais e vegetais. Por algum tempo, os glóbulos continuaram a ser observados em várias partes dos animais, como nervos, músculos e pele, mas não se suspeitava que os tecidos fossem formados totalmente por essas estruturas.

Por dentro da célula

A partir de 1744, os cientistas começaram a pesquisar uma substância viscosa encontrada no interior de várias microestruturas animais. Quatorze anos depois, a mesma substância foi reconhecida nas microestruturas vegetais, reafirmando a similaridade entre as células animais e vegetais. Em 1860, a substância recebeu o nome oficial de protoplasma, e passou a suspeitar-se que ela estaria presente em todos os seres vivos.

O núcleo celular

Os estudos sobre o núcleo das células também foram importantes para a compreensão de seu papel nos seres vivos. O núcleo já havia sido observado por Leewenhoeck em 1700, mas somente no final do século XVIII passou a ser considerado parte das células. O exame mais detalhado do núcleo levou à descoberta, em 1781, de uma outra estrutura em seu interior, mais tarde batizada de nucléolo. Em 1836, os cientistas reconheceram a presença do núcleo em todas as células do tecido humano, com exceção das hemácias.

A teoria celular

Em 1839, o zoólogo alemão Theodor Schwann publicou a obra Investigações Microscópicas sobre a Estrutura e Crescimento dos Animais e das Plantas, que passou a ser conhecida como a Teoria Celular. Na obra, Schwann afirma que todos os tecidos animais e vegetais são formados por células. Ele se baseou no fato da presença do núcleo em todos os tipos de células, e na obediência a um processo básico comum de formação comandado pelo núcleo.
Schwann identificou a célula como a base das funções vitais dos organismos. Para ele, as células tinham dois tipos de atividades: uma plástica, responsável pelo crescimento, e outra metabólica, responsável pela transformação das substâncias intercelulares em elementos das células. Sua teoria foi bastante modificada pelas descobertas do século XX. Atualmente, sabe-se que a divisão celular é o único processo responsável pela formação de novas células. Contudo, seu trabalho provou que há uma unidade no mundo vivo e que ela reside na célula.
É pela organização que os seres vivos distinguem-se dos demais elementos da natureza. Numa resposta crítica ao mecanicismo, a nova teoria afirmava que cada ser vivo era um organismo cujos componentes encontravam-se, não apenas reunidos, mas integrados.
A teoria celular expressava ainda um debate mais amplo sobre as relações entre o indivíduo e a sociedade. Ao contrário dos filósofos da natureza, que consideravam a comunidade como um todo orgânico e os seres vivos como um todo indivisível, os adeptos da nova teoria defenderam que o organismo não poderia mais ser encarado como uma autocracia. Seria um "estado celular", uma coletividade em que "cada célula seria um cidadão", como afirmava o cientista alemão Theodor Schwann.

Microscópios simples








Modelos de microscópios da atualidade



Comparação entre os sistema de funcionamento da microscopia de luz e a eletrônica



















*MET: Microscópio eletrônico de transmissão
**MEV: Microscópio eletrônico de varredura


Referências:

http://www.invivo.fiocruz.br/celula/teoria_12.htm
DE ROBERTIS, E.D.P. & DE ROBERTIS Jr., E.M.F. Bases da Biologia Celular e Molecular. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1991. 
JUNQUEIRA, L.C. & CARNEIRO, J. Biologia Celular e Molecular. Rio de Janeiro. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1991.
CURTIS, H. Biologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1989.


quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Histórico do microcópio

O microscópio é, sem dúvida, o principal instrumento de trabalho para a maioria dos Biomédicos. Não é à toa que no símbolo do nosso curso há um microscópio no centro. Você já parou para pensar como foi que chegamos ao modelo atual, presente na maioria dos laboratórios?

Confira agora uma breve história sobre ele!

2.000 a.C. – De acordo com um antigo texto, os chineses viam espécimes ampliados através de uma lente no final de um tubo que era preenchido com água. Os níveis de água dependiam do grau de ampliação que eles desejavam.


1590

1590s – Hans Jansen e seu filho Zacharias Jansen (Países Baixos) eram fabricantes de óculos e criaram um microscópio, que poderia ser considerado o primeiro. Ele consistia de três tubos cilíndricos usados para apoiar a ocular. As lentes eram inseridas no final desses tubos. A lente da ocular era bi-convexa e a lente da objetiva era plano-convexa, uma combinação avançada para a época.


1625

1625 – Galileo Galilei ficou sabendo dos experimentos de Hans e seu filho e, com isso, começou a trabalhar com lentes. A invenção do microscópio foi atribuída a Galileo, mas foi contestada por outros. Foi descrito como um “telescópio modificado para ver objetos de muito perto”. Johannes Faber, amigo de Galileo, conferiu ao instrumento o nome de microscópio, antes chamado de "occhialino".


1665

1665 – Robert Hooke publica a obra Micrographia que continha a descrição detalhada de 57 observações realizadas com o microscópio que o próprio cientista fabricou. Nesta obra aparece pela primeira vez o termo célula, ao referir-se aos poros observados numa fina lâmina de cortiça, que o faziam lembrar das celas dos monges.

1675 – Entra Anton van Leeuwenhoek, que usou um microscópio com uma lente para observar insetos e outros espécimes. Ele foi o primeiro a observar uma bactéria.

Com o tempo o microscópio tornou-se popular, e um motivo foi a descoberta de que combinando dois tipos de lentes o efeito cromático era reduzido.

1730s – O próximo grande passo da história do microscópio ocorreu com a invenção das lentes acromáticas (sem cor) por Charles Hall. Ele descobriu que usando uma segunda lente de forma e propriedades refratoras diferentes, poderia-se realinhar as cores com impacto mínimo na ampliação da primeira lente.


1830

1830s – Joseph Lister resolveu um problema, colocando as lentes em distâncias precisas uma da outra, fornecendo uma ampliação mais nítida.

Combinadas, essas duas descobertas (1730 e 1830) contribuíram para um incrível aumento na qualidade da imagem.

Abbe_Condenser

1863 – A empresa Ernst Leitz, fabricante de microscópios, introduziu o primeiro revólver giratório, com nada mais nada menos que cinco objetivas. Mais tarde Ernst Abbe, dono da empresa, desenvolveu um conjunto de 17 objetivas, incluindo três de imersão.

1930s – Fritz Zernike descobriu que ele podia ver células não coradas usando a transformação das diferentes fases dos raios de luz em diferenças luminosas. Ganhou o Nobel de Física em 1953.


1931

1931 - Max Knoll Ernst Ruska inventaram o primeiro microscópio eletrônico. A diferença básica entre o microscópio óptico e o eletrônico é que neste último não é utilizada a luz, mas sim feixes de elétrons.

Com o passar dos anos as técnicas foram aprimoradas e assim chegamos ao microscópio como conhecemos hoje.

Novidades – Microscópios digitais: permitem a transmissão da imagem, em tempo real, a uma televisão ou computador e está ajudando a revolucionar a microfotografia. Há uma terceira ocular com uma câmera acoplada, permitindo a visualização em uma TV ou PC.

Dino-Lite: é um microscópio digital portátil, quase do tamanho de uma caneta. A capacidade de ampliação é de até 500x. Tem sido muito usado em indústrias para fazer inspeções.

Fonte: https://www.biomedicinapadrao.com.br/2013/05/um-breve-historico-sobre-o-microscopio.html

Planta tóxica pode causar uma das piores dores do mundo até 1 ano após a picada com seus pelos urticantes



Gympie-Gympie não é um nome comum que você esperaria encontrar em uma planta. Mais incomum ainda é a dor que ela provoca se você se espetar com algum de seus espinhos em formato de pelos.


Ela parece ser bastante inofensiva, mas a Gympie-Gympie (espécie Dendrocnide moroides) é uma das plantas mais venenosas que existem no mundo. Elas são comumente encontradas nas florestas tropicais do nordeste da Austrália, nas Ilhas Molucas e na Indonésia, podendo alcançar até 2 metros de altura.

Se espetar na árvore pode ser tão perigoso que cães, cavalos e até mesmo humanos morrem após a terrível experiência. Se você tiver sorte em sobreviver, você sentirá uma dor absurdamente forte que pode durar vários meses. Além disso, a dor pode reaparecer após anos. Suas toxinas são tão poderosas que, mesmo sendo seca, moída e guardada por 100 anos, pode causar severas dores em quem entrar em contato com o pó.

Apenas as raízes são inofensivas. Todo o resto da planta é considerado mortal e suas folhas possuem formato de coração. Toda a planta possui minúsculos pelos urticantes em formatos de agulhas hipodérmicas, incluindo seus frutos avermelhados. Você precisa apenas tocar levemente a planta para ser espetado, recebendo uma dose da toxina chamada moroidina.


Botânicos relatam que apenas estando próximo da planta é possível começar a espirrar, ter prurido, erupções cutâneas e sangramentos através de pequenos pelos que podem se soltar da planta e sair “voando” com o vento.

De acordo com o virologista Dr. Mike Leahy: "A primeira coisa que você vai sentir é uma sensação de queimação muito intensa e isso cresce durante a próxima meia hora, tornando-se mais e mais dolorosa”.

Ele prossegue: "Pouco depois, as articulações podem doer, e você pode ter grande inchaço nas suas axilas, o que pode causar uma dor extremamente forte. Se você não remover todos os pelos que entraram na sua pele, as toxinas continuam sendo liberadas, causando dores torturantes por até um ano”.

O Gympie-Gympie é uma surpresa desagradável e inesperada nas florestas, causando acidentes com topógrafos, madeireiros e silvicultores. Mesmo botânicos experientes que já conhecem a planta, por vezes, tornam-se vítimas.

Os profissionais que lidam com a planta usam luvas muito grossas, máscaras de respiração e comprimidos anti-histamínicos, além de roupa especial para proteger todo o corpo.


"Ser picado é o pior tipo de dor que você pode imaginar - como ser queimado com ácido quente e eletrocutado ao mesmo tempo", disse a entomologista e ecologista Marina Hurley, que foi picada após morar três anos em Queensland, na Austrália. Ela era uma estudante de pós-graduação na Universidade James Cook na época e investigava herbívoros que comem árvores urticantes.

"A reação alérgica desenvolvida ao longo do tempo, causou coceira extrema e enormes e buracos na pele que tiveram que ser tratadas com fármacos potentes. Nesse ponto, o meu médico aconselhou que eu jamais deveria voltar a estudar esta planta”.

Uma das primeiras pessoas a documentar os efeitos adversos da picada da Gympie-Gympie foi um morador de Queensland, que relatou que seu cavalo, após ser picado pela planta, começou a se comportar como louco e morreu após 2 horas, em 1866.

Em 1994, o australiano Cyril Bromley descreveu a experiência após ter caído em cima de uma árvore. Ele ficou amarrado por três semanas na cama do hospital por não conseguir se controlar pelas dores. Todos os tipos de tratamentos e medicamentos foram usados, mas nada surtia efeito. Ele descreveu a dor como a mais terrível que um humano pode sentir, comentando também que um dos oficiais se matou depois de usar a folha para se higienizar após defecar e não suportar as dores.

A maioria das curas conhecidas para uma picada de Gympie-Gympie são bastante rudimentares. Analgésicos são geralmente prescritos para exposições menores à planta. Se o paciente entrou em contato com muitos pelos, recomenda-se depilar toda a região a fim de arrancar os minúsculos pontos injetores de toxina.

Curiosamente, o exército britânico mostrou interesse nas propriedades do Gympie-Gympie e suas aplicações no final do ano 1968. Um laboratório de química ultrassecreto do exército contratou Alan Seawright, professor de patologia da Universidade de Queensland, para conseguir amostras da planta, informando que a intenção era a pesquisa de uma nova arma biológica: “Eu nunca ouvi nada mais sobre isso após fornecer as amostras, então, acho que nunca saberemos o que eles fizeram ao estudar a planta”, afirmou Alan.


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